terça-feira, 20 de setembro de 2011

Irônia;




Cai sobre todas as pedras que eu mesma deixei no caminho, e sangrei, e não desisti, e lutei, como é de prachê, costume ou teimosia, ou simplesmente por que a esperança em nenhum dos casos, em mim morre! Vejo que me cobrem e recobrem de cobranças ou apontam milhões de jeitos que eu devo ser, ou querem que eu seja, traçam uma regra entre eu e meu ego e afetam com os milímetros e centímetros sentimentos que eu construi durante tempo, com todas as qualidades e bondades que existiam no meu coração borrado de tinta guache.

Foram racionais e disseram-me para ficar na minha, para esperar passar, para parar de lutar sobre as questões do coração e defender a cabeça, com aquele quebra-cabeça gigante de mais de mil peças em que eu me perco só de pensar em começar a montar, sou difícil de lidar, mais ainda de entender e racionalmente impossível de ler, sentimentalmente me despedaço quando sinto qualquer risco de extinção em células nervosas que me fazem soltar sorrisos, preciso muito mais de carinho do que de conselhos em que melhorar esse meu jeito bom, preciso muito mais de elogios do que de palavras rudes que me façam pensar, preciso muito mais de abraços do que de horas de sono;

Necessito em cada minuto de uma sensação de segurança que me faz vencer qualquer medo, e que me deixe ver as linhas do futuro com os olhos abertos e não vermelhos de tantas lágrimas, preciso de cabeça erguida e de coração aberto nesse mundo onde todo mundo se faz de surdo e principalmente de cego, de tantos pedidos o único seria: cuidar do coração de uma pessoa, como se aquilo fosse o melhor presente capaz de ser recebido, ou entregue, ou achado. E por todos os trancos e barrancos que a vida dá, que você cai, ou que você não encherga, o prêmio final fica em falta, as experiências de um amor mal resolvido não dão certo em um novo amor, pela cegueira da paixão. Então você cai, e sofre, e chora, e machuca, e desacredita sempre como se fosse a primeira vez, e se deixa ser enganada por pessoas que não se importam, por armas mal cuidadas, por pessoas de duas faces, por uma data de validade, por um tempo que não vai adiante, por erros ainda cometidos, por qualidades muito boas e por esperanças muito passageiras.

Você desvaloriza a amizade, larga de mão das pessoas, insiste em se virar sozinha, se cobre, descobre, sua frio, tem pesadelos, revira de um lado pro outro da cama, guarda em gavetas palitos de fósforos que servirão de faísca para um novo recomeço, cartas que lhe mostrarão que o passado não foi tão ruim, fotos que te incentivam a não ir mais em frente e palavras, bem rudes que ferem qualquer canto de um coração que sutilmente ainda bate, e ligeiramente e em segredo ainda sente e decepciona. Deixa-se conquistar por metáforas, por pensar que tudo agora vai ser diferente, deixa que a emoção conduza todas as ações por mais bestas que sejam, e chama quando está bêbada, liga quando tá sozinha, deixa mensagem na caixa postal, reescreve um milhão de vezes a mesma mensagem, sente frio na barriga, abre um sorriso de canto, melhora na maquiagem, mesmo sabendo o final de tudo isso. Mesmo sabendo que depois a carência te baixa o humor, te deixa com vontade de dormir o dia inteiro e a saudade te dá enjoos. Para disfarçar um óculos bem escuro e meias palavras, luzes apagadas e choro quase como miado de gato, trancafia-se a porta do banheiro, e ali chora-se por noites, desesperançosa de uma ligação, um pedido de desculpa, uma nova chance pra si mesma. Trilhas sonoras, traillers de momentos, passagens de filmes, frases soltas largadas no início, no final, cartas para serem entregues, sentidos que ninguém nunca suspeitou descobrir, companheirismo, aliança de amizade, de compromisso, corações engatados e depois a corrente leva e deixa tudo na borda do rio, cada metade para o seu lado, sem vestígios de que um dia já estiveram juntas;

Irônia minha, do acaso, das pessoas, do sentimento, o mundo vende irônia por aí, como se fosse alguma droga, ou coca-cola que ninguém sabe a substância mas faz questão definitiva de tomar, de se encher, de beber demais, de querer demais e depois, ficar dependente ou simplesmente não viver mais sem, joga fora as chaves, elimina os sentidos e viva sozinha, não por si, mas pelo acaso que prega peças a todo momento :)

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